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Branding Pessoal

Você já teve sua imagem interpretada de forma errada, quis passar uma impressão e acabou passando outra? Por exemplo, colegas do trabalho achavam que você era uma pessoa séria e formal antes de te conhecerem um pouco mais e descobrirem seu perfil brincalhão? Este tipo de confusão na comunicação é muito frequente e tem a ver com a falta de coerência entre o que queremos comunicar e o que de fato comunicamos com nossa imagem. Isto pode ser um grande problema, afinal, você apresenta seus valores ao mundo por meio da sua imagem e comportamento.

Mesmo que você não saiba ou não tenha planejado isso, você é uma marca e já tem uma reputação. Mas não se preocupe se a sua marca não tem te favorecido, é possível ajustar fazendo a Gestão da Marca e, com isso, adicionar valor a ela. É disso que trata o Branding Pessoal! Para trazer uma definição validada, Aldo Wandersman em seu livro E se você fosse uma marca? diz que o Branding:

“É a construção estratégica de uma entidade que cause na sua audiência a percepção mais correta e apropriada para os seus objetivos de negócio e de vida.”

Usando as ferramentas do Branding Pessoal você aumenta o valor do seu “passe”, quanto melhor a sua marca pessoal, menos substituível você é. Para começar, vamos nos ver como se fôssemos um produto. Para trabalhar bem o produto “você”, é importante conhecer o seu “mercado” e os seus “clientes”. Aqui devemos incluir o ambiente de trabalho, grupo de familiares, círculo de amizade, vizinhança e demais grupos onde estamos inseridos. Conhecendo as características destes ambientes e pessoas podemos nos ajustar para obter os melhores resultados. Não devemos mudar nossa essência para agradar os outros, veremos mais a frente que seria um tiro no pé, mas sabemos que não é boa ideia ir de biquíni à uma reunião de executivas e nem de terno à praia, não é mesmo?

Ainda com este enfoque, todo produto é composto de conteúdo, embalagem e marca. Para fazer uma correspondência conosco, vamos considerar que o nosso conteúdo é a nossa essência, nossos valores, ou seja, nossas características principais. Isso deve ser inegociável, mas pode mudar ao longo da vida, já que estamos sempre aprendendo e evoluindo. Já dizia Raul que é melhor ser uma metamorfose ambulante do que ter a mesma velha opinião formada sobre tudo!

Seguindo a linha de raciocínio “produto você”, nossa embalagem seria a forma como comunicamos o nosso conteúdo para o mundo. Isso inclui nossas roupas, corte de cabelo, tom de voz, linguagem, marcas que consumimos, hábitos, comportamentos, enfim, tudo aquilo que comunica algo sobre nós para as outras pessoas.

Por fim, nossa marca é a nossa reputação, ou seja, o que evocamos na mente das pessoas quando elas pensam em nós. Nossa intenção com o Branding Pessoal é, ao final de todo o processo, ter uma reputação coerente com a nossa essência e com os nossos objetivos.

Ao refletir sobre estas questões você tem a oportunidade de identificar pontos fortes e fracos da sua personalidade, identificar as potencialidades e “atenuar” as vulnerabilidades.

A palavra “atenuar” aqui ficou entre aspas pois sabemos que nossas vulnerabilidades são características que nos lembram de que somos humanos, geram identidade e conexão entre as pessoas e não devem ser escondidas. A especialista no assunto, Brené Brown, em seu livro A coragem de ser imperfeito (você também encontra Brown no Netflix em O poder da coragem e no TED Talks) fala sobre como a coragem para expor vulnerabilidades é necessária para que sejamos capazes de inovar.

Portanto, melhorar sua marca pessoal usando ferramentas de Branding não tem nada a ver com autopromoção! Não se trata de exacerbar as qualidades e se colocar em um pedestal, em busca de causar uma boa impressão. O mais importante não é a história que você conta, mas o sentimento que desperta nas outras pessoas, fazendo-as se sentirem integradas, compreendidas. É também por isso que os especialistas em branding recomendam que as pessoas evitem ter um perfil pessoal e outro profissional nas redes sociais. Hoje está claro que todos queremos saber quem é o ser humano por traz do profissional, sentir que é “gente como a gente”, e isto é favorecido pelos perfis unificados.

Agora que você já entendeu o que é o Branding Pessoal, é importante ter claro quais são os seus valores primários que devem ser transmitidos para todos com quem você tem contato, seja na vida pessoal ou profissional. Certamente é necessário que haja um alinhamento entre quem você é e o seu papel na empresa onde trabalha, mas isso não quer dizer que o seu sobrenome deva ser o nome da empresa. Cada funcionário de uma mesma empresa deve deixar claro quais são suas características individuais, seus diferenciais. Estas definições envolvem uma jornada de autoconhecimento e observação, mas você pode começar a planejar a gestão da sua marca pessoal seguindo 7 dicas de ouro.

7 dicas de ouro para gerir a sua marca pessoal:

  1. 1. Defina seus objetivos.

Para isso, considere quais reações você deseja evocar no imaginário das pessoas. Pode ajudar buscar referências em outras pessoas, mentores e marcas de produtos ou serviços que tenham características com as quais você se identifica para se inspirar. Veja um exemplo em que descrevemos em um parágrafo como Maria quer ser vista:

“Maria de Sousa é escritora, tem um estilo de vida saudável, gosta de andar de bicicleta e você pode vê-la tomando água de coco na praia de Copacabana nas tardes de sol. Escreve histórias sobre desilusões amorosas e desperta nos seus leitores um sentimento de pertencimento e acolhimento, pois com sua escrita leve e simples mostra que estes acontecimentos são parte da vida e podem ser superados. Os textos de Maria são referência e inspiram pessoas que passaram por términos de relacionamentos em toda a Bahia.”

  1. 2. Conte uma boa história.

Elaborar a sua história é importante para criar consciência a respeito da sua própria trajetória e expô-la de forma interessante aos seus interlocutores. Não deixe de incluir os desafios pelos quais passou e como os resolveu, isso mostra que você é uma pessoa real, longe de ser perfeita, mas que aprendeu coisas importantes no seu caminho, além de manter os outros interessados no que você tem a contar. Você pode buscar mais informações sobre como criar boas histórias fazendo uma pesquisa sobre o termo storytelling, que está super em alta hoje em dia.

Para definir seus objetivos e contar sua história talvez você queira montar a sua matriz SWOT para te ajudar a visualizar suas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades.

  1. 3. Aproveite as redes sociais, elas são a sua vitrine

As redes sociais são ótimas para dizer ao seu público quem é você e gerar interação. Importante entender qual é a aptidão de cada rede social e qual ou quais tem a ver com os seus objetivos para estar presente, pois não adianta estar em diversas redes e não as movimentar de forma consistente. Na sua escolha você também deve considerar onde está o seu público. Sabemos por exemplo, que o Snapchat é uma rede utilizada principalmente por pessoas de até 24 anos de idade, o Pinterest é muito útil para quem tem trabalhos a expor na forma de imagens que falam por si, o Twitter é para um público sempre conectado, uma vez que a vida útil para visualização de cada postagem é de poucas horas, e assim por diante.

Após selecionar qual rede você vai utilizar, capriche na descrição do seu perfil (biografia). Não deixe de escrever ali algo que te identifique com clareza para qualquer visitante. Se decidir marcar presença em mais de uma rede, lembre-se de criar biografias coerentes em todas elas.

Como já falamos, o ideal é que a rede social contemple sua vida profissional e pessoal para gerar maior conexão com seu público. Então fale do seu dia e mostre a sua cara! Selfies claramente geram mais engajamento do que imagens de paisagens ou objetos, não as deixe de fora.

  1. 4. Segmente o seu público

Não é possível agradar gregos e troianos, além do mais, se ficar tentando se moldar a todos os públicos você acabará deixando de ser fiel à sua essência, além de ter um gasto de energia que não será proporcional aos seus resultados. Lembre-se do diagrama de Pareto que diz que 20% dos seus investimentos trarão 80% dos seus resultados e invista sua energia nos interlocutores certos.

Para te ajudar nisso, crie personas e fale diretamente a elas. Uma persona é como um avatar, uma representação semifictícia do seu público que contempla características demográficas, comportamentais, hábitos e preferências para te ajudar a criar uma linguagem e um conteúdo que atenda às necessidades destas pessoas, assim você não gasta munição atirando para todos os lados.

Lembre-se de que deve haver alguma ligação entre as suas personas e a sua marca. Por exemplo, uma marca que vende serviços para gatos precisa conversar com personas que tenham gatos.

Montar seu próprio avatar também pode te ajudar a definir seus objetivos lá na dica 1.

  1. 5. Tenha uma estratégia para criação de conteúdo.

Após escolher as redes sociais em que você estará presente e conhecer o seu “público”, o próximo passo é planejar suas postagens. A ideia aqui é criar relacionamentos individualizados, que causem um impacto duradouro nos seus visitantes e na sua marca e você faz isso atraindo pessoas para as suas redes sociais oferecendo conteúdo útil e envolvendo-se com eles por meio de conversas. Como resultado, você acaba criando mais oportunidades para comunicar seus valores e, quem sabe, vender e prestar serviços no futuro.

Para isso, ter uma planilha com o cronograma das suas postagens ajuda a montar sua estratégia e permite uma visualização clara do objetivo de cada post, além de te ajudar a ter consistência nas publicações – você deve postar com frequência para ser recomendado pelo algoritmo das redes sociais e manter as pessoas interessadas no seu perfil. Colunas com data da postagem, título, conteúdo e objetivo são ideais para construir sua planilha inicial.

Lembre-se de que você deve olhar para suas personas na hora de criar conteúdo para que ele seja relevante. Outra dica valiosa é gerar o seu próprio conteúdo em vez de apenas replicá-lo, isso demonstra autenticidade para os seus interlocutores.

  1. 6. Mão na massa!

Pegue papel, caneta e tenha tempo reservado periodicamente para planejar e acompanhar a evolução da sua marca. Esta não é uma tarefa para ser feita apenas uma vez, você deve ter métricas a serem acompanhadas no mínimo uma vez por mês, assim como fazemos com as micrometas para atingir uma meta final (lembra das metas smart?) Seu objetivo é cuidar constantemente sem perder a espontaneidade. Para te ajudar, as seguintes métricas podem ser consideradas: número de curtidas nas postagens, número de comentários nas postagens, número de comentários via mensagem privada, número de seguidores, feedbacks recebidos, etc. Além das métricas de redes sociais, você também pode criar suas métricas personalizadas relativas aos seus objetivos pessoais e profissionais, o importante é não deixar de acompanha-las e ajustar a estratégia periodicamente.

  1. 7. Crie sua identidade visual

“94% das vezes, a primeira impressão de alguém é baseada no design, e essa decisão leva apenas 50 milissegundos para ser tomada” (Lindgaard et al. 2006)

Começamos este texto escrevendo sobre os erros de interpretação que uma imagem pessoal não planejada pode causar. Isto está muito relacionado com a nossa identidade visual, que inclui as cores que mais usamos, estilo, tem de voz, etc. Não importa qual o canal – cartão de visitas, redes sociais, chamada telefônica, conversa presencial – nossa imagem deve estar de acordo com o que queremos evocar na mente alheia.

Todo mundo já ouviu falar sobre a importância de causar uma boa primeira impressão e isso é real! Em diversos contextos existem artigos científicos e estudos de comportamento que analisaram este tema, como é o caso do estudo de Lindgaard cuja conclusão foi citada acima. Por isso, mais uma vez, ajudaria construir nosso próprio avatar incluindo características de identidade visual.

E devemos ir além: não só a primeira, mas todas as impressões que causamos devem ser boas e coerentes. Temos a oportunidade de conversar com diversas pessoas todos os dias, seja num café, no prédio em que trabalhamos ou em qualquer lugar; somos vistos nas redes sociais, nos pesquisam na internet e nunca sabemos quais destas pessoas poderiam se tornar parceiras ou clientes.

Assim arrematamos esta reflexão sobre conhecer nossa identidade, ter assertividade em comunicar quem somos por meio da nossa imagem e do nosso posicionamento e atingirmos nossos objetivos pessoais e profissionais. Apenas tocamos a superfície do assunto e você pode encontrar mais informações e até indicações de cursos nos materiais complementares ao fim deste e-book.

Foi muito bacana você ter seguido com a leitura até aqui. Agora lembre-se de praticar e nos vemos por aí!